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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Próximo encontro: 27 de abril de 2013

C O N V I T E

Ishtar - Espaço para Gestantes (Recife) convida para o próximo encontro do grupo, no dia 27/04/2013.

O tema do nosso bate-papo será: “O recém-nascido

O bebê nasceu, a nova família chega em casa, o que esperar dos primeiros dias? Como será a nova rotina? Com quem contar?
Contamos com a sua presença para enriquecer o nosso debate!

Atenção: O Ishtar Recife convida os seus participantes para contribuir com o levantamento de fundos para colocar o documentário “O Renascimento do Parto” nos cinemas. Estaremos arrecadando doações no encontro deste sábado, qualquer valor é bem-vindo. Desde já agradecemos a todos que puderem colaborar! http://benfeitoria.com/o-renascimento-do-parto
Lembrando: Participe do BANCO DE VIDROS DO ISHTAR (parceria com o Grupo “Grávidas e Mamães do Recife” - Facebook). Uma iniciativa voluntária, que visa auxiliar as mulheres na manutenção da amamentação através de doações e empréstimo de vidros adequados ao armazenamento e pasteurização de leite materno.
Data:        27 de abril de 2013
Horário:    10:00 às 12:30
Local:       Mezanino da Livraria Cultura Recife, Paço Alfândega, Bairro do Recife.

Mais informações:
(81) 92694187 tim - (81) 99427144 claro – (81) 88559284 oi





Ishtar News:
A CRIANÇA NO PRIMEIRO MÊS DE VIDA

A criança desde o nascimento até completar 28 dias de vida é chamada de recém-nascida, sendo totalmente dependente dos cuidados dos pais. É importante que os cuidados com o recém-nascido sejam feitos pela mãe, mas isso não tira a responsabilidade de outras pessoas da rede de apoio social da criança: o pai, os avós, outros parentes e pessoas amigas, de cuidarem e apoiarem a dupla mãe-criança. Lembre-se de que a mãe também está se recuperando e se acostumando a uma nova situação, mesmo que ela já tenha outros filhos.

Características físicas do recém-nascido

Os bebês nascem vermelhinhos, amassados, inchados, alguns com a cabeça pontuda, o nariz achatado e os olhos “vesgos”. Essas características são normais neles e somem até o primeiro ano de vida. Algumas marcas podem aparecer na pele, resultantes do trabalho de parto, independentemente da habilidade da pessoa que assistiu o parto. Não é o caso de se preocupar, pois elas vão desaparecer com o tempo.

Peso

Normalmente os bebês nascem com peso entre 2,5 kg e 4 kg e sua altura fica entre 47 e 54 centímetros.Por que o peso os profissionais valorizam tanto essa informação? Por que o peso ao nascer pode ser um indicativo de algum problema de saúde durante a gestação. Depois o peso e a altura vão marcar o início do crescimento do bebê, agora fora da barriga da mãe e, é claro, com as características herdadas dos pais. Aqueles que nascem com menos de 2,5 kg têm maiores riscos de apresentar problemas. Podem ser prematuros, que nasceram antes da hora. Podem também ser crianças que por diversas razões, como desnutrição da mãe, infecções da mãe durante a gravidez, mãe fumante durante a gravidez ou por outras razões, nasceram no tempo certo, mas com baixo peso. Por outro lado, não podemos nos esquecer dos bebês que nasceram acima de 4 kg, que pode ser um indicativo de mãe que apresentou diabetes gestacional. Nos primeiros dias de vida, o bebê perde peso e isso é normal. Perde líquido e elimina as primeiras fezes (mecônio). Ele está se acostumando ao novo ambiente. Deve recuperar seu peso em mais ou menos 10 dias.

Pele

Sua pele é avermelhada e recoberta por uma camada de gordura, que serve de proteção e aumenta sua resistência a infecções. É delicada e fina. Podem ter pelos finos e longos nas costas, orelhas e rosto, que desaparecem após aproximadamente uma semana do nascimento. Podem aparecer alguns pontinhos no nariz como se fossem pequenas espinhas, que não se deve espremer, pois podem inflamar. Eles desaparecem em cerca de um ou dois meses. Também podem apresentar manchas avermelhadas espalhadas pelo corpo, que é uma reação da pele ao ambiente, e também logo desaparecem. Se o bebê apresentar coloração amarelada em qualquer intensidade, orientar para procurar ajuda profissional, porque pode ser icterícia.

Cabeça

A cabeça do recém-nascido sofre pressão durante o trabalho de parto, que, às vezes, adquire uma forma diferente do normal. Pode haver o cavalgamento dos ossos parietais, que se desfaz nos primeiros dias de vida. O bebê pode ainda nascer com o rosto inchado e com manchas, que também desaparecem em poucos dias. O bebê pode apresentar um inchaço no couro cabeludo, como uma bolha, devido à compressão da cabeça para dilatar o colo do útero. É a chamada bossa sero-sanguínea, que também desaparece espontaneamente. As fontanelas ou “moleiras” são também uma característica do recém-nascido. Elas nada mais são que uma região mais mole na parte de cima dos ossos da cabeça que ainda não estão emendados. Isso ocorre para facilitar a passagem da cabeça do bebê pelo canal vaginal na hora do parto. A moleira é importante para que a cabeça do bebê continue crescendo, acompanhando o crescimento do cérebro. Ela vai se fechando aos poucos, num processo que só se completa por volta dos 18 meses de vida. São comuns nos recém-nascidos casquinhas no couro cabeludo, que não incomodam em nada o bebê. O importante é manter a cabeça limpa e seca. Com o tempo elas desaparecem naturalmente. Caso você sinta um cheiro desagradável na cabeça do bebê, é preciso encaminhá-lo para ajuda profissional. A criança pode nascer com dentes, que geralmente não tem o formato de um dente normal. Não se deve tentar tirá-los, e sim encaminhar o bebê para o dentista.

Tórax, abdome e membros

Alguns bebês podem nascer com as mamas aumentadas porque os hormônios da mãe passaram por meio do cordão umbilical. Isso é natural. Não se deve espremer, pois, além de machucar, pode inflamar. A barriga do bebê é alta e grande, e na respiração ela sobe e desce (respiração abdominal). O coto umbilical é esbranquiçado e úmido, que vai ficando seco e escuro, até cair. Para limpeza dele, basta utilizar álcool a 70%, facilmente encontrado em farmácias. Os braços e pernas parecem curtos em relação ao corpo e ficam semi-fletidos (dobrados) a maior parte do tempo.

Genitais

Em alguns meninos, os testículos podem ainda não ter descido totalmente, parecendo o saco um pouco murcho; outros podem ser grandes e duros, parecendo estar cheios de líquido. Mantendo-se qualquer uma dessas situações, procurar ajuda profissional. Nas meninas, pode haver saída de secreção esbranquiçada ou um pequeno sangramento pela vagina. Isso ocorre devido à passagem de hormônios da mãe. É uma situação passageira, basta realizar a higiene local, sempre da frente para trás, ou seja, da vagina em direção ao ânus, e não o contrário.

Funcionamento intestinal

Nas primeiras 24 horas de vida, os recém-nascidos eliminam o mecônio (que é verde bem escuro, quase preto e grudento, parecendo graxa ou piche). Depois, as fezes se tornam esverdeadas e, posteriormente, amareladas e pastosas. As crianças amamentadas no peito costumam apresentar várias evacuações por dia, com fezes mais líquidas. Se o bebê está ganhando peso, mamando bem, mesmo evacuando várias vezes ao dia, isso não significa diarreia. Alguns bebês não evacuam todos os dias e chegam a ficar até uma semana sem evacuar. Se, apesar desse tempo, as fezes estiverem pastosas e a criança estiver mamando bem, isso não é um problema. Se o bebê está mamando só no peito e fica alguns dias sem evacuar, não se deve dar frutas, laxantes ou chás.

Urina

Os bebês urinam bastante. Isso indica que estão mamando o suficiente. Quando ficam com as fraldas sem ser trocadas por muito tempo, por exemplo, a noite toda, o cheiro da urina pode ficar forte, mas na maioria das vezes não significa problema de saúde.

Características comportamentais do recém nascido

Sono

Na primeira semana, o recém-nascido dorme de 15 a 20 horas por dia, porém alguns não dormem entre as mamadas, ficando acordados por várias horas. Os ritmos de sono só vão se estabelecer várias semanas, as vezes meses, depois do nascimento. Para que o bebê não troque o dia pela noite, é importante proporcionar um ambiente claro e arejado durante o dia, manter as janelas abertas, não diminuir os barulhos costumeiros da casa, mantê-lo brincando, conversando, chamando sua atenção e à noite fazer o contrário, mantendo o ambienteescuro e acolhedor.

Choro

O choro é uma manifestação natural. Depois do nascimento, o bebê tem que se adaptar a uma série de mudanças: novas sensações, novos sons, roupas, banhos... Não é, portanto, de se estranhar o fato de ele chorar. O bebê se comunica pelo choro sempre que se sentir desconfortável ou estiver com fome, sede, frio, fralda molhada, roupa apertada, coceira, cólica ou irritação por excesso de barulho. Não usar medicamentos para evitar o choro. Conforme as pessoas que cuidam forem conhecendo o bebê, conseguirão distinguir os diferentes “choros”, isto é, o significado de cada uma de suas manifestações. No começo, porém, é necessário pensar numa porção de motivos, até acertar a causa. Algumas características que podem ajudar (mas não definir!) a identificar a causa do choro:

Fome: o bebê chora muito, nenhum carinho consegue acalmá-lo e já se passaram algumas horas da última mamada: é fome. Ele só se tranquilizará depois que estiver satisfeito.

Desconforto: o bebê fica incomodado quando sua fralda está molhada. Além disso, a cólica, o calor e o frio são também situações de desconforto. Verificar a fralda, colocar o bebê para arrotar ou massagear barriga, movimentar as pernas em direção ao corpo e encostar a barriga do bebê na barriga da mãe. podem ser úteis.

Solidão: o bebê precisa se sentir seguro e ao sentir a falta da mãe ele chora muito. Ele deve ser carregado no colo, receber carinho e atenção. Ele chora não por um capricho, mas por uma necessidade de aconchego e carinho.

Frio: muitas vezes ao trocar ou dar banho em um bebê ele começa a chorar. Isso pode ser pela sensação de frio e de nudez repentina. Ele deve ser coberto com uma toalha para acalmá-lo.

Agitação: o recém-nascido sofre com diferentes estímulos: barulhos, luzes, calor, frio etc. E em certos momentos de maior tensão ele pode manifestar uma crise de choro. Nesse caso deve-se dar colo e carinho. Alguns bebês choram antes de dormir. O ideal é não deixá-lo chorar pensando que assim cairá no sono pelo cansaço, pois ele precisa de tranquilidade e carinho para dormir.

Cólicas: podem começar no fim da terceira semana de vida e vão até o fim do terceiro mês. O bebê chora e se contorce, melhora quando suga o peito e volta a chorar. Isso faz com que a mãe pense que é fome e pode levá-la a substituir o leite materno por mamadeira. É importante que familiares não confundam a necessidade de sugar, que melhora por um tempo as cólicas, com a fome. Não usar medicamentos sem orientação da equipe de saúde, pois podem ser perigosos para o bebê, por conter substâncias que podem causar sonolência. Para aliviar as cólicas por alguns momentos, orientar para fazer massagens na barriga no sentido dos ponteiros do relógio e movimentar as pernas em direção à barriga. Fazer compressas secas e mornas, aconchegar o bebê no colo da mãe também podem ajudar a acalmar a dor.

Regurgitação

É comum e consiste na devolução frequente de pequeno volume de leite logo após as mamadas. Quase sempre, o leite volta ainda sem ter sofrido ação do suco gástrico. Se o ganho de peso do bebê for satisfatório, é uma situação normal.

Soluços e espirros

Os soluços são frequentes quando a criança está descoberta e com frio, na hora do banho e às vezes após as mamadas. Não provoca nenhum mal e param sozinhos. Os espirros ocorrem frequentemente e não devem ser atribuídos a resfriados.

Outras orientações

Banho

Deve ser diário e nos horários mais quentes, podendo ser várias vezes no dia, principalmente nos lugares de clima quente. Sempre com água morna, limpa e sabonete neutro. É importante testar a temperatura da água antes de colocar a criança no banho. Enxugar bem, principalmente nas regiões de dobras, para evitar as assaduras. Não usar perfume, óleos industrializados e talco na pele do bebê, pelo risco de aspiração do talco e por causar alergias. As unhas do bebê devem ser cortadas para evitar arranhões e acúmulo de sujeiras.

Troca de fraldas

A cada troca de fraldas, limpar com água morna e limpa, mesmo que o bebê só tenha urinado. Não deixar passar muito tempo sem trocá-las, pois o contato das fezes ou da urina com a pele delicada do bebê provoca assaduras e irritações. Não usar talco ou perfume, pois podem causar alergias. Uma medida que pode ajudar a melhorar a assadura é deixar o bebê sem fraldas para tomar banho de sol, até as 10 horas da manhã e após as 16 horas, por cinco minutos. O sol tem uma ação de matar os micro-organismos e ajuda a proteger a pele da irritação provocada pelo contato da urina e das fezes. Nos casos em que as assaduras não apresentarem melhora, isso pode dever-se àdermatite por fralda, que é uma irritação na pele causada pelo contato com a urina e fezes retidas pelas fraldas e plásticos. É observada uma vermelhidão de pele, com descamação, aspecto brilhante e, eventualmente, com pontinhos elevados, e fica restrita às regiões cobertas pelas fraldas. Nesses casos, orientar para procurar ajuda profissional, para identificar a causa e iniciar o tratamento.

Coto umbilical

O coto umbilical cairá espontaneamente entre o 5º e o 14º dia de vida. Alguns recém-nascidos apresentam um umbigo grosso e gelatinoso, que poderá retardar sua queda até em torno de 25 dias. Pode ocorrer discreto sangramento após a queda do coto umbilical, que não requer cuidados especiais. Os cuidados com o coto umbilical são importantes para evitar infecções. A limpeza deve ser diária durante o banho e deixar sempre seco. Não se devem usar as faixas ou esparadrapos, pois não deixam o umbigo secar, além de dificultar a respiração do bebê. Também não se deve colocar no local ervas, fumo, frutas, moedas ou qualquer outro objeto. Se se observar o aparecimento de secreção, sangue ou cheiro desagradável no coto umbilical, é preciso procurar ajuda profissional.

Hérnias

Hérnia umbilical é uma alteração na cicatriz umbilical. Após a queda do coto umbilical, quando o bebê chora, é possível ver que o umbigo fica estufado. Não usar faixas, esparadrapos ou colocar moedas, pois não têm nenhum efeito e podem dificultar a respiração do bebê ou causar irritação na pele. Na grande maioria dos casos a hérnia umbilical regride naturalmente sem necessidade de qualquer intervenção. De qualquer forma, deve-se orientar para procurar ajuda profissional para avaliação.
Hérnia inguinal é uma bola que aparece na virilha, principalmente quando o bebê chora. Caso seja confirmada a presença da hérnia, o tratamento é cirúrgico.

Outros cuidados

A higiene do ambiente, das roupas, dos objetos usados pelo bebê é muito importante, considerando que ele tem poucas defesas e pode ter infecções. É preciso, então, orientar para que as pessoas tenham o entendimento da relação da sujeira com a presença de micro-organismos causadores de doenças. Quem cuida do bebê deve lavar bem as mãos, com água e sabão, antes e depois de cada cuidado. As roupas e fraldas devem ser bem lavadas, enxaguadas e, sempre que possível, colocadas ao sol para secar e devem ser passadas com ferro quente. Orientar para lavá-las com sabão neutro e evitar o uso de amaciantes. Estudar formas de diminuir a poeira e fumaça dentro da casa. Nos locais onde há malária, filariose, dengue, febre amarela e doença de Chagas, é necessário o uso de mosquiteiros.

Triagem neonatal

O teste do pezinho, da orelhinha e do olhinho fazem parte do Programa Nacional de Triagem Neonatal, criado em 2001 pelo Ministério da Saúde, com objetivo de diagnosticar diversas doenças e a tempo de fazer o tratamento precocemente, reduzindo ou eliminando sequelas, como o retardo mental, surdez e cegueira.

Teste do pezinho

Realizado preferencialmente entre o terceiro e o sétimo dia de vida do bebê, podendo ser feito até 30 dias do nascimento. O exame revela doenças que podem causar graves problemas ao desenvolvimento e crescimento do bebê, que são irreversíveis se não diagnosticadas e logo tratadas. Colhe-se uma amostra de sangue para o teste.

Teste da orelhinha

É um exame que pode detectar precocemente se o bebê tem algum problema de audição. Ele é realizado no próprio berçário, quando o bebê está quieto dormindo, de preferência nas primeiras 48 horas de vida, mas pode ser feito após alguns meses de vida, em outro serviço de saúde conveniado, se a maternidade não tiver fonoaudiólogos para realizar o exame. O exame não dói, não incomoda, não acorda o bebê, é barato, fácil de ser realizado, não tem contraindicação e é eficaz para detectar problemas auditivos.

Teste do olhinho

Também conhecido como exame do reflexo vermelho, ele pode detectar diversos problemas nos olhos, o mais importante é a catarata congênita. Deve ser realizado de preferência ainda na maternidade, mas pode ser feito por médico treinado, nos três primeiros anos de vida.

Texto baseado na fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia prático do agente comunitário de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009, revisado pela equipe do Ishtar Recife.

terça-feira, 9 de abril de 2013


C O N V I T E

Ishtar - Espaço para Gestantes (Recife) convida para o próximo encontro do grupo, no dia 13/04/2013.

O tema do nosso bate-papo será: “O pós-parto

Meu bebê nasceu e agora?
Angústia, solidão, vontade de chorar, é normal?
O que devo fazer, com quem contar para evitar esses sentimentos?
Contamos com a sua presença para enriquecer o nosso debate!

Lembrando: Participe do BANCO DE VIDROS DO ISHTAR (parceria com o Grupo “Grávidas e Mamães do Recife” - Facebook). Uma iniciativa voluntária, que visa auxiliar as mulheres na manutenção da amamentação através de doações e empréstimo de vidros adequados ao armazenamento e pasteurização de leite materno.
Data:        13 de abril de 2013
Horário:    10:00 às 12:30
Local:       Mezanino da Livraria Cultura Recife, Paço Alfândega, Bairro do Recife.

Mais informações:
(81) 92694187 tim - (81) 99427144 claro – (81) 88559284 oi


Ishtar News:
PREPARAÇÃO PARA A MATERNIDADE: AO ENCONTRO DA PRÓPRIA SOMBRA

As mulheres se dão ao luxo de ficar tentadas com uma ingenuidade absoluta durante a gravidez. Há uma tendência social de apresentar as grávidas embelezadas com o ventre a mostra, observando, reclusas, o mundo a partir do próprio umbigo, infantilizadas e cercadas de pensamentos supérfluos, folheando revistas românticas ou de conselhos úteis.
Sempre chamou minha atenção e estado de aparente embriaguez na qual as mulheres nadam durante a “doce espera”. Tentei, ao longo dos anos, dar informações sobre o pós-parto e a natureza da fusão emocional a mulheres que atravessavam o último período de gravidez, acreditando que perto do parto estariam dispostas a se conectar com os aspectos recônditos da alma. No entanto, a tendência cultural consegue congelá-las nessa “fantasia”, um espaço no qual se vive de camisola cercada de florezinhas de papel, achando que logo estarão brincando de boneca. Não estão dispostas a se preparar para encontrar a própria sombra, que indefectivelmente aproveitará o parto para entrar na festa sem ser convidada.
Preparam-se para o parto nesse estado infantil, acreditando em qualquer coisa que lhes digam, assustando-se e fazendo de conta que a gravidez durará uma eternidade.
Deleitam-se com o prazer de estarem redondas, transformam-se em meninas e, como elas, fazem ouvidos moucos as propostas de se fundir com sua alma sábia e ficarem em condições emocionais de se tornarem mães.
Dependendo da preparação para o parto que escolheram (quer dizer, que permita uma verdadeira procura da consciência interior e do conhecimento das capacidades intrínsecas de cada uma), terão uma experiência de parto mais ou menos harmônica, com mais ou menos acompanhamento e apoio, de acordo com o que procuram (se é que procuram algo em particular). Ora, sem busca não há escolha verdadeira. E, nesse, “não escolher”, preferem imaginar aquilo de que gostariam a se preparar para realizar e construir o que desejam.
Quando temem entrar no mundo adulto e dão a luz em um estado infantil, o bebê real tem pouco a ver com o bebê imaginado, sonhado e fantasiado a partir do conto de fadas que vêm contando a si mesmas desde pequenas. É um bebê que chora sem parar, suja as fraldas, não adere ao peito, é muito magro, muito comprido ou muito largo, não se conecta, é excessivamente inquieto, não permite que a mãe fique bem diante das visitas ou não a deixa em paz, ou ainda não se parece com ninguém. É menino quando se queria uma menina ou vice-versa, nasceu antes ou depois do previsto, foi cesariana quando o esperado era um parto normal, não engorda, ou não se acalma, ou não dorme, ou é nervoso. Seja como for, é diferente do que se esperava. É profundamente desconhecido. Um recém-nascido é isso:a manifestação organizada da sombra da própria mãe, ou seja, tudo o que ela rejeita, desconhece ou dói em seu profundíssimo ser essencial.
Acontece um choque brutal entre o estado de embelezamento da barriga – e a apologia da gravidez entre tules e rendas – e o ser real de carne e osso que não para de chorar.
A maioria das mães se queixa “porque ninguém lhes contou como era realmente a criação de um bebê” e elas tiveram de aprender literalmente se expondo. É verdade que a experiência é individual, mas, nestes tempos em que abundam as idéias de preparação para o parto, chama minha atenção o fato de que as mulheres continuem chegando muito desvalidas ao momento de assumir a maternidade, sempre no terreno do emocional.
Há preparações que tratam apenas do aspecto físico. Outras dão algumas informações genéricas sobre puericultura e lactação. Por outro lado, os profissionais que trabalham com seriedade orientando a preparação no sentido de um encontro sólido com a própria sombra em circunstâncias muito diversas devido ao surgimento do filho costumam se deparar com aqueles estados infantis em que as mulheres são protegidas, para “não saber, não se inteirar, não se complicar” mais do que é conveniente.
Os profissionais que trabalham a favor das aptidões das mulheres para a maternidade se veem diante de uma encruzilhada de oferecer o que cada uma aparentemente quer ou então insistir em aproveitar a oportunidade para conhecer de antemão os riscos do processo de desestruturação emocional que acontecerá depois do parto. Ou seja, para lidar de maneira adulta com o que as mulheres tem de aprender com elas mesmas a respeito do que ainda não se manifestou, pois a criança não nasceu.
Os longos nove meses permitem que nos preparemos para a ruptura do corpo físico e a quebra da alma. Essa crise será aproveitada na medida em que estejamos dispostas a olhar as partes escuras ou temidas de nosso eu sou. E essa tarefa pertence a mulher-adulta, a mulher-terra, a mulher-sangue, a mulher-pássaro. Não consegue realiza-la a menina que vive em nós, temerosa de conhecer o mundo interno, desamparada e sozinha.
Creio que este é o tipo de preparação para a maternidade que as mulheres ativas estão em condições de almejar: poder se amparar em outras mulheres sábias e experientes que estejam dispostas a guiar e a cuidar delas neste processo de casulo frágil que se transforma em flor. Uma flor bela e altiva que conhece as leis da natureza e, acima de tudo, as emoções femininas. A criança que está para nascer nos dá a possibilidade de ingressar no mundo adulto, mas a decisão de fazê-lo é pessoal. Neste sentido, ser cúmplice da ingenuidade em que a mulher grávida navega é uma decisão profissional.

Extraído de: A maternidade e o encontro com a própria sombra: o resgate do relacionamento entre mães e filhos. Laura Gutman. Editora Best Seller, 2010, páginas 87 a 89.

C O N V I T E

Ishtar - Espaço para Gestantes (Recife) convida para o próximo encontro do grupo, no dia 13/04/2013.

O tema do nosso bate-papo será: “O pós-parto

Meu bebê nasceu e agora?
Angústia, solidão, vontade de chorar, é normal?
O que devo fazer, com quem contar para evitar esses sentimentos?
Contamos com a sua presença para enriquecer o nosso debate!

Lembrando: Participe do BANCO DE VIDROS DO ISHTAR (parceria com o Grupo “Grávidas e Mamães do Recife” - Facebook). Uma iniciativa voluntária, que visa auxiliar as mulheres na manutenção da amamentação através de doações e empréstimo de vidros adequados ao armazenamento e pasteurização de leite materno.
Data:        13 de abril de 2013
Horário:    10:00 às 12:30
Local:       Mezanino da Livraria Cultura Recife, Paço Alfândega, Bairro do Recife.

Mais informações:
(81) 92694187 tim - (81) 99427144 claro – (81) 88559284 oi


Ishtar News:
PREPARAÇÃO PARA A MATERNIDADE: AO ENCONTRO DA PRÓPRIA SOMBRA

As mulheres se dão ao luxo de ficar tentadas com uma ingenuidade absoluta durante a gravidez. Há uma tendência social de apresentar as grávidas embelezadas com o ventre a mostra, observando, reclusas, o mundo a partir do próprio umbigo, infantilizadas e cercadas de pensamentos supérfluos, folheando revistas românticas ou de conselhos úteis.
Sempre chamou minha atenção e estado de aparente embriaguez na qual as mulheres nadam durante a “doce espera”. Tentei, ao longo dos anos, dar informações sobre o pós-parto e a natureza da fusão emocional a mulheres que atravessavam o último período de gravidez, acreditando que perto do parto estariam dispostas a se conectar com os aspectos recônditos da alma. No entanto, a tendência cultural consegue congelá-las nessa “fantasia”, um espaço no qual se vive de camisola cercada de florezinhas de papel, achando que logo estarão brincando de boneca. Não estão dispostas a se preparar para encontrar a própria sombra, que indefectivelmente aproveitará o parto para entrar na festa sem ser convidada.
Preparam-se para o parto nesse estado infantil, acreditando em qualquer coisa que lhes digam, assustando-se e fazendo de conta que a gravidez durará uma eternidade.
Deleitam-se com o prazer de estarem redondas, transformam-se em meninas e, como elas, fazem ouvidos moucos as propostas de se fundir com sua alma sábia e ficarem em condições emocionais de se tornarem mães.
Dependendo da preparação para o parto que escolheram (quer dizer, que permita uma verdadeira procura da consciência interior e do conhecimento das capacidades intrínsecas de cada uma), terão uma experiência de parto mais ou menos harmônica, com mais ou menos acompanhamento e apoio, de acordo com o que procuram (se é que procuram algo em particular). Ora, sem busca não há escolha verdadeira. E, nesse, “não escolher”, preferem imaginar aquilo de que gostariam a se preparar para realizar e construir o que desejam.
Quando temem entrar no mundo adulto e dão a luz em um estado infantil, o bebê real tem pouco a ver com o bebê imaginado, sonhado e fantasiado a partir do conto de fadas que vêm contando a si mesmas desde pequenas. É um bebê que chora sem parar, suja as fraldas, não adere ao peito, é muito magro, muito comprido ou muito largo, não se conecta, é excessivamente inquieto, não permite que a mãe fique bem diante das visitas ou não a deixa em paz, ou ainda não se parece com ninguém. É menino quando se queria uma menina ou vice-versa, nasceu antes ou depois do previsto, foi cesariana quando o esperado era um parto normal, não engorda, ou não se acalma, ou não dorme, ou é nervoso. Seja como for, é diferente do que se esperava. É profundamente desconhecido. Um recém-nascido é isso:a manifestação organizada da sombra da própria mãe, ou seja, tudo o que ela rejeita, desconhece ou dói em seu profundíssimo ser essencial.
Acontece um choque brutal entre o estado de embelezamento da barriga – e a apologia da gravidez entre tules e rendas – e o ser real de carne e osso que não para de chorar.
A maioria das mães se queixa “porque ninguém lhes contou como era realmente a criação de um bebê” e elas tiveram de aprender literalmente se expondo. É verdade que a experiência é individual, mas, nestes tempos em que abundam as idéias de preparação para o parto, chama minha atenção o fato de que as mulheres continuem chegando muito desvalidas ao momento de assumir a maternidade, sempre no terreno do emocional.
Há preparações que tratam apenas do aspecto físico. Outras dão algumas informações genéricas sobre puericultura e lactação. Por outro lado, os profissionais que trabalham com seriedade orientando a preparação no sentido de um encontro sólido com a própria sombra em circunstâncias muito diversas devido ao surgimento do filho costumam se deparar com aqueles estados infantis em que as mulheres são protegidas, para “não saber, não se inteirar, não se complicar” mais do que é conveniente.
Os profissionais que trabalham a favor das aptidões das mulheres para a maternidade se veem diante de uma encruzilhada de oferecer o que cada uma aparentemente quer ou então insistir em aproveitar a oportunidade para conhecer de antemão os riscos do processo de desestruturação emocional que acontecerá depois do parto. Ou seja, para lidar de maneira adulta com o que as mulheres tem de aprender com elas mesmas a respeito do que ainda não se manifestou, pois a criança não nasceu.
Os longos nove meses permitem que nos preparemos para a ruptura do corpo físico e a quebra da alma. Essa crise será aproveitada na medida em que estejamos dispostas a olhar as partes escuras ou temidas de nosso eu sou. E essa tarefa pertence a mulher-adulta, a mulher-terra, a mulher-sangue, a mulher-pássaro. Não consegue realiza-la a menina que vive em nós, temerosa de conhecer o mundo interno, desamparada e sozinha.
Creio que este é o tipo de preparação para a maternidade que as mulheres ativas estão em condições de almejar: poder se amparar em outras mulheres sábias e experientes que estejam dispostas a guiar e a cuidar delas neste processo de casulo frágil que se transforma em flor. Uma flor bela e altiva que conhece as leis da natureza e, acima de tudo, as emoções femininas. A criança que está para nascer nos dá a possibilidade de ingressar no mundo adulto, mas a decisão de fazê-lo é pessoal. Neste sentido, ser cúmplice da ingenuidade em que a mulher grávida navega é uma decisão profissional.

Extraído de: A maternidade e o encontro com a própria sombra: o resgate do relacionamento entre mães e filhos. Laura Gutman. Editora Best Seller, 2010, páginas 87 a 89.

C O N V I T E

Ishtar - Espaço para Gestantes (Recife) convida para o próximo encontro do grupo, no dia 13/04/2013.

O tema do nosso bate-papo será: “O pós-parto

Meu bebê nasceu e agora?
Angústia, solidão, vontade de chorar, é normal?
O que devo fazer, com quem contar para evitar esses sentimentos?
Contamos com a sua presença para enriquecer o nosso debate!

Lembrando: Participe do BANCO DE VIDROS DO ISHTAR (parceria com o Grupo “Grávidas e Mamães do Recife” - Facebook). Uma iniciativa voluntária, que visa auxiliar as mulheres na manutenção da amamentação através de doações e empréstimo de vidros adequados ao armazenamento e pasteurização de leite materno.
Data:        13 de abril de 2013
Horário:    10:00 às 12:30
Local:       Mezanino da Livraria Cultura Recife, Paço Alfândega, Bairro do Recife.

Mais informações:
(81) 92694187 tim - (81) 99427144 claro – (81) 88559284 oi


Ishtar News:
PREPARAÇÃO PARA A MATERNIDADE: AO ENCONTRO DA PRÓPRIA SOMBRA

As mulheres se dão ao luxo de ficar tentadas com uma ingenuidade absoluta durante a gravidez. Há uma tendência social de apresentar as grávidas embelezadas com o ventre a mostra, observando, reclusas, o mundo a partir do próprio umbigo, infantilizadas e cercadas de pensamentos supérfluos, folheando revistas românticas ou de conselhos úteis.
Sempre chamou minha atenção e estado de aparente embriaguez na qual as mulheres nadam durante a “doce espera”. Tentei, ao longo dos anos, dar informações sobre o pós-parto e a natureza da fusão emocional a mulheres que atravessavam o último período de gravidez, acreditando que perto do parto estariam dispostas a se conectar com os aspectos recônditos da alma. No entanto, a tendência cultural consegue congelá-las nessa “fantasia”, um espaço no qual se vive de camisola cercada de florezinhas de papel, achando que logo estarão brincando de boneca. Não estão dispostas a se preparar para encontrar a própria sombra, que indefectivelmente aproveitará o parto para entrar na festa sem ser convidada.
Preparam-se para o parto nesse estado infantil, acreditando em qualquer coisa que lhes digam, assustando-se e fazendo de conta que a gravidez durará uma eternidade.
Deleitam-se com o prazer de estarem redondas, transformam-se em meninas e, como elas, fazem ouvidos moucos as propostas de se fundir com sua alma sábia e ficarem em condições emocionais de se tornarem mães.
Dependendo da preparação para o parto que escolheram (quer dizer, que permita uma verdadeira procura da consciência interior e do conhecimento das capacidades intrínsecas de cada uma), terão uma experiência de parto mais ou menos harmônica, com mais ou menos acompanhamento e apoio, de acordo com o que procuram (se é que procuram algo em particular). Ora, sem busca não há escolha verdadeira. E, nesse, “não escolher”, preferem imaginar aquilo de que gostariam a se preparar para realizar e construir o que desejam.
Quando temem entrar no mundo adulto e dão a luz em um estado infantil, o bebê real tem pouco a ver com o bebê imaginado, sonhado e fantasiado a partir do conto de fadas que vêm contando a si mesmas desde pequenas. É um bebê que chora sem parar, suja as fraldas, não adere ao peito, é muito magro, muito comprido ou muito largo, não se conecta, é excessivamente inquieto, não permite que a mãe fique bem diante das visitas ou não a deixa em paz, ou ainda não se parece com ninguém. É menino quando se queria uma menina ou vice-versa, nasceu antes ou depois do previsto, foi cesariana quando o esperado era um parto normal, não engorda, ou não se acalma, ou não dorme, ou é nervoso. Seja como for, é diferente do que se esperava. É profundamente desconhecido. Um recém-nascido é isso:a manifestação organizada da sombra da própria mãe, ou seja, tudo o que ela rejeita, desconhece ou dói em seu profundíssimo ser essencial.
Acontece um choque brutal entre o estado de embelezamento da barriga – e a apologia da gravidez entre tules e rendas – e o ser real de carne e osso que não para de chorar.
A maioria das mães se queixa “porque ninguém lhes contou como era realmente a criação de um bebê” e elas tiveram de aprender literalmente se expondo. É verdade que a experiência é individual, mas, nestes tempos em que abundam as idéias de preparação para o parto, chama minha atenção o fato de que as mulheres continuem chegando muito desvalidas ao momento de assumir a maternidade, sempre no terreno do emocional.
Há preparações que tratam apenas do aspecto físico. Outras dão algumas informações genéricas sobre puericultura e lactação. Por outro lado, os profissionais que trabalham com seriedade orientando a preparação no sentido de um encontro sólido com a própria sombra em circunstâncias muito diversas devido ao surgimento do filho costumam se deparar com aqueles estados infantis em que as mulheres são protegidas, para “não saber, não se inteirar, não se complicar” mais do que é conveniente.
Os profissionais que trabalham a favor das aptidões das mulheres para a maternidade se veem diante de uma encruzilhada de oferecer o que cada uma aparentemente quer ou então insistir em aproveitar a oportunidade para conhecer de antemão os riscos do processo de desestruturação emocional que acontecerá depois do parto. Ou seja, para lidar de maneira adulta com o que as mulheres tem de aprender com elas mesmas a respeito do que ainda não se manifestou, pois a criança não nasceu.
Os longos nove meses permitem que nos preparemos para a ruptura do corpo físico e a quebra da alma. Essa crise será aproveitada na medida em que estejamos dispostas a olhar as partes escuras ou temidas de nosso eu sou. E essa tarefa pertence a mulher-adulta, a mulher-terra, a mulher-sangue, a mulher-pássaro. Não consegue realiza-la a menina que vive em nós, temerosa de conhecer o mundo interno, desamparada e sozinha.
Creio que este é o tipo de preparação para a maternidade que as mulheres ativas estão em condições de almejar: poder se amparar em outras mulheres sábias e experientes que estejam dispostas a guiar e a cuidar delas neste processo de casulo frágil que se transforma em flor. Uma flor bela e altiva que conhece as leis da natureza e, acima de tudo, as emoções femininas. A criança que está para nascer nos dá a possibilidade de ingressar no mundo adulto, mas a decisão de fazê-lo é pessoal. Neste sentido, ser cúmplice da ingenuidade em que a mulher grávida navega é uma decisão profissional.

Extraído de: A maternidade e o encontro com a própria sombra: o resgate do relacionamento entre mães e filhos. Laura Gutman. Editora Best Seller, 2010, páginas 87 a 89.

C O N V I T E

Ishtar - Espaço para Gestantes (Recife) convida para o próximo encontro do grupo, no dia 13/04/2013.

O tema do nosso bate-papo será: “O pós-parto

Meu bebê nasceu e agora?
Angústia, solidão, vontade de chorar, é normal?
O que devo fazer, com quem contar para evitar esses sentimentos?
Contamos com a sua presença para enriquecer o nosso debate!

Lembrando: Participe do BANCO DE VIDROS DO ISHTAR (parceria com o Grupo “Grávidas e Mamães do Recife” - Facebook). Uma iniciativa voluntária, que visa auxiliar as mulheres na manutenção da amamentação através de doações e empréstimo de vidros adequados ao armazenamento e pasteurização de leite materno.
Data:        13 de abril de 2013
Horário:    10:00 às 12:30
Local:       Mezanino da Livraria Cultura Recife, Paço Alfândega, Bairro do Recife.

Mais informações:
(81) 92694187 tim - (81) 99427144 claro – (81) 88559284 oi


Ishtar News:
PREPARAÇÃO PARA A MATERNIDADE: AO ENCONTRO DA PRÓPRIA SOMBRA

As mulheres se dão ao luxo de ficar tentadas com uma ingenuidade absoluta durante a gravidez. Há uma tendência social de apresentar as grávidas embelezadas com o ventre a mostra, observando, reclusas, o mundo a partir do próprio umbigo, infantilizadas e cercadas de pensamentos supérfluos, folheando revistas românticas ou de conselhos úteis.
Sempre chamou minha atenção e estado de aparente embriaguez na qual as mulheres nadam durante a “doce espera”. Tentei, ao longo dos anos, dar informações sobre o pós-parto e a natureza da fusão emocional a mulheres que atravessavam o último período de gravidez, acreditando que perto do parto estariam dispostas a se conectar com os aspectos recônditos da alma. No entanto, a tendência cultural consegue congelá-las nessa “fantasia”, um espaço no qual se vive de camisola cercada de florezinhas de papel, achando que logo estarão brincando de boneca. Não estão dispostas a se preparar para encontrar a própria sombra, que indefectivelmente aproveitará o parto para entrar na festa sem ser convidada.
Preparam-se para o parto nesse estado infantil, acreditando em qualquer coisa que lhes digam, assustando-se e fazendo de conta que a gravidez durará uma eternidade.
Deleitam-se com o prazer de estarem redondas, transformam-se em meninas e, como elas, fazem ouvidos moucos as propostas de se fundir com sua alma sábia e ficarem em condições emocionais de se tornarem mães.
Dependendo da preparação para o parto que escolheram (quer dizer, que permita uma verdadeira procura da consciência interior e do conhecimento das capacidades intrínsecas de cada uma), terão uma experiência de parto mais ou menos harmônica, com mais ou menos acompanhamento e apoio, de acordo com o que procuram (se é que procuram algo em particular). Ora, sem busca não há escolha verdadeira. E, nesse, “não escolher”, preferem imaginar aquilo de que gostariam a se preparar para realizar e construir o que desejam.
Quando temem entrar no mundo adulto e dão a luz em um estado infantil, o bebê real tem pouco a ver com o bebê imaginado, sonhado e fantasiado a partir do conto de fadas que vêm contando a si mesmas desde pequenas. É um bebê que chora sem parar, suja as fraldas, não adere ao peito, é muito magro, muito comprido ou muito largo, não se conecta, é excessivamente inquieto, não permite que a mãe fique bem diante das visitas ou não a deixa em paz, ou ainda não se parece com ninguém. É menino quando se queria uma menina ou vice-versa, nasceu antes ou depois do previsto, foi cesariana quando o esperado era um parto normal, não engorda, ou não se acalma, ou não dorme, ou é nervoso. Seja como for, é diferente do que se esperava. É profundamente desconhecido. Um recém-nascido é isso:a manifestação organizada da sombra da própria mãe, ou seja, tudo o que ela rejeita, desconhece ou dói em seu profundíssimo ser essencial.
Acontece um choque brutal entre o estado de embelezamento da barriga – e a apologia da gravidez entre tules e rendas – e o ser real de carne e osso que não para de chorar.
A maioria das mães se queixa “porque ninguém lhes contou como era realmente a criação de um bebê” e elas tiveram de aprender literalmente se expondo. É verdade que a experiência é individual, mas, nestes tempos em que abundam as idéias de preparação para o parto, chama minha atenção o fato de que as mulheres continuem chegando muito desvalidas ao momento de assumir a maternidade, sempre no terreno do emocional.
Há preparações que tratam apenas do aspecto físico. Outras dão algumas informações genéricas sobre puericultura e lactação. Por outro lado, os profissionais que trabalham com seriedade orientando a preparação no sentido de um encontro sólido com a própria sombra em circunstâncias muito diversas devido ao surgimento do filho costumam se deparar com aqueles estados infantis em que as mulheres são protegidas, para “não saber, não se inteirar, não se complicar” mais do que é conveniente.
Os profissionais que trabalham a favor das aptidões das mulheres para a maternidade se veem diante de uma encruzilhada de oferecer o que cada uma aparentemente quer ou então insistir em aproveitar a oportunidade para conhecer de antemão os riscos do processo de desestruturação emocional que acontecerá depois do parto. Ou seja, para lidar de maneira adulta com o que as mulheres tem de aprender com elas mesmas a respeito do que ainda não se manifestou, pois a criança não nasceu.
Os longos nove meses permitem que nos preparemos para a ruptura do corpo físico e a quebra da alma. Essa crise será aproveitada na medida em que estejamos dispostas a olhar as partes escuras ou temidas de nosso eu sou. E essa tarefa pertence a mulher-adulta, a mulher-terra, a mulher-sangue, a mulher-pássaro. Não consegue realiza-la a menina que vive em nós, temerosa de conhecer o mundo interno, desamparada e sozinha.
Creio que este é o tipo de preparação para a maternidade que as mulheres ativas estão em condições de almejar: poder se amparar em outras mulheres sábias e experientes que estejam dispostas a guiar e a cuidar delas neste processo de casulo frágil que se transforma em flor. Uma flor bela e altiva que conhece as leis da natureza e, acima de tudo, as emoções femininas. A criança que está para nascer nos dá a possibilidade de ingressar no mundo adulto, mas a decisão de fazê-lo é pessoal. Neste sentido, ser cúmplice da ingenuidade em que a mulher grávida navega é uma decisão profissional.

Extraído de: A maternidade e o encontro com a própria sombra: o resgate do relacionamento entre mães e filhos. Laura Gutman. Editora Best Seller, 2010, páginas 87 a 89.